sexta-feira, 12 de julho de 2013

FLIP 2013 - Mesa 8: Ficção e Confissão



Escolher quais mesas da programação principal assistir é um trabalho difícil ... a vontade é de assistir todas, mas fica meio complicado quando você não tem acesso a programação paralela o que atrapalha a organizar bem a agenda!

Escolhi 5 mesas as quais teria de acompanhar pela Tenda do Telão pois os ingressos para a Tenda dos Autores já estavam esgotados. A primeira delas foi a Mesa 3, porém por motivos de força maior, cheguei a Paraty muito depois do planejado e perdi a transmissão.

Mas depois de rodar a manhã inteira conhecendo a cidade e conferindo as demais agendas, me dei uma tarde de nadismo* até o horário que estava programada a Mesa 8: Ficção e Confissão. Com os autores Tobias Wolff e Juan Pablo Vilallobos - substituindo Karl Ove Knausgaard - e mediação de Ángel Gurría-Quintana.

"Um tema recorrente do autor homenageado este ano pela Flip, Graciliano Ramos, a relação entre experiência pessoal e criação literária dá o mote desse encontro entre dois grandes escritores contemporâneos: o americano Tobias Wolff, autor de premiados livros de contos, romances e memórias, e o mexicano Juan Pablo Villalobos cujo livro Festa no covil (2010) se vale da perspectiva infantil para observar de um ângulo inusitado o mundo do narcotráfico e a violência da vida mexicana."


Um tema bem interessante para esta leitora que vos escreve e que muitas vezes já se perguntou até que ponto autores como Stephen King, que volta e meia insere um escritor em seus romances, colocam um pouquinho de si mesmos nas personagens.

Uma pequena introdução dos autores e seus trabalhos relacionados ao tema da mesa por parte do mediador e estava dado o início da Mesa...

Da parte de Tobias, um de deus contos "Bala no Cérebro" em que um crítico literário é assassinado por zombar dos assaltantes de um banco. E de Juan Pablo, "Festa no Covil" contada através dos olhos de um menino de 13 anos, filho de um traficante do Cartel Mexicano.

Tobias revela que o conto surgiu do relato de um amigo que presenciou um assalto a banco e lhe contou sobre todos os clichês que os assaltantes usaram. Ele admite que há um elemento 'autobriográfico' pois, durante o relato, ele ficou se imaginando no local 'revirando os olhos' a cada clichê. E admite que ele provavelmente cairia na risada e acabaria com uma bala na cabeça.

Juan começa sua fala brincando com o fato de estar substituindo um norueguês que cancelou sua participação uma semana antes do evento: "Eu sei que vocês esperavam um norueguês, alto e loiro. E vem esse cara aqui.". Com um sorriso sapeca, ele diz que embora ele tivesse a mesma idade que o menino de seu livro tem na época em que sua história se passa, que ele também seja o segundo filho e que a história se passe no México ... é tudo apenas uma coincidência! Para Juan a escolha da criança como narradora de seu romance está na perspectiva mais livre de moralismos que a visão de um menino de 13 anos assume e que daria o tom exato que ele procurava para sua história.

Ao serem questionados sobre a percepção da ficção como uma 'mentira' ambos arrancam boas risadas da platéia revelando as 'mentiras' que se fizeram presentes em suas vidas e que, para Juan, tiveram influência em sua vida como escritor.

Juan Pablo diz que não faz sentido escrever uma biografia quando não se consegue lembrar muito bem como as coisas aconteceram e revela que sua infância já tinha um quê de ficção por parte de seu irmão que inventava histórias sobre pertencer a uma outra família, ter uma fazenda com animais inventados e muitas vezes chorar durante a noite por querer 'voltar para casa', para sua outra família ... Como lembrar o que é real???

Tobias revela que seu primeiro personagem de ficção foi uma versão melhorada de si mesmo! Ele veio de uma escola muito fraca e queria ir para uma boa faculdade, mas era difícil conseguir uma bolsa quando não se era um bom atleta e nem o melhor dos alunos. Foi então que para conseguir uma vaga na escola ele alterou suas notas dos boletins - que eram escritas a lápis, pasmem! - e escreveu cartas de recomendações dos professores elogiando seu desempenho como aluno e como atleta. "Meu primeiro personagem de ficção foi um Tobias Wolf bem recomendado e excelente atleta!"

Para quem não pôde assistir a mesa ... segue o vídeo oficial da FLIP com alguns trechinhos.



Crédito da foto: IG

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